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Por que pessoas mentem tanto em tragédias? - A Indústria de Teoria da Conspiração

  • Antologia Crítica
  • 6 de ago. de 2024
  • 24 min de leitura

Atualizado: 23 de ago. de 2024


Hoje eu tô aqui pra falar sobre eles, um grupo secreto. Aqueles que tem um plano secreto e tão mancomunado com os grandes poderosos. Os Illuminatis, o George Soros, o Lula e os seus clones? Não.


Os criadores de teoria da conspiração que ganham muito dinheiro te prometendo que vão te contar um segredo que eles não querem que você saiba.


"Como governador Eduardo Leite, cujo a primeira dama é outro homem, e eu quero alertar a igreja do Senhor na Terra, e dizendo que esse pecado de ter colocado um homem, cujo a primeira dama é um homem, no poder, isso ativou a ira de Deus contra o povo gaúcho. Isso fez com que a ira do Senhor alcançasse o seu povo, e hoje nós temos a destruição de um Estado."


E aí, nada suave nem um pouco tranquilo, não é? Talvez você esteja como eu, agoniado, pensando como, como no meio de uma tragédia, milhares de pessoas morrendo, tem gente que se presta a mentir e criar a teoria da conspiração? De onde vem essa ideia de mentir em meio a uma tragédia?



"Em São Paulo, a Polícia Civil prendeu duas pessoas suspeitas de desvios de doações feitas às vítimas das enchentes."


Eu não sei você aí, mas essa semana eu senti um flashback horrível de um passado recente, uma febre de pandemia, daquele tempo que a gente tinha que desmentir uma mentira por dia e a gente tava quase esquecendo.


Mas calma, não venha você debochar, ou rir, ou chamar de burro quem acredita em fake news e conspiração. No vídeo de hoje, eu quero mostrar que todos nós, todos nós, temos um pouquinho de conspiração e um terraplanismo pra chamar de nosso.


"Tem alguma fraude na facada do presidente? Hum, será?"


Há muitos níveis e motivos para as pessoas se apaixonarem por conspiração.


E apesar de algumas serem até meio divertidas, nesse episódio eu quero tentar te mostrar como não existe conspiração de nível seguro e inofensivo. Todas elas vão levar para o mesmo caminho. Nem a conspiração de que o Michael Jackson não morreu e tá escondido num terreiro no interior do Ceará faz bem.


Mentira. Essa aí faz bem sim, pode conspirar. Mas chega de brincadeiras que o assunto é sério e urgente e a gente tem uma proposta de saída no final.


Deixe seu like, inscrição e sininho. E bom episódio. Eu quero acreditar.


O fenômeno da Pareidolia


Primeiro de tudo, saiba o seguinte, queremos acreditar. Eu, você, sua mãe, seu vizinho, não importa o credo, a raça, a classe social, queremos acreditar em alguma coisa. É melhor acreditar em algo do que não acreditar em nada.


Ponto. É muito difícil simplesmente ser um ser humano jogado no planeta do nada, sem nenhum motivo, razão ou sentido e ficar por isso mesmo. Nosso desejo humano é de impor uma estrutura ao nosso mundo ao redor e reconhecer padrões. Sobretudo padrões humanos.


Sabe quando você vê rostinho, carinha nas coisas?



Encontrar respostas de onde viemos, pra onde vamos, o que estamos fazendo aqui, tudo isso uma hora ou outra angustia, mas também nos move a buscar resposta.


É isso que move a filosofia, é isso que move a ciência, é isso que move a religião e é isso que move a conspiração. Porém, há muita coisa pra se entender. O nosso mundo é complexo.


E aí temos uma tendência de simplificar a realidade ao nosso redor, colocando em caixinhas distinções, conceitos, preconceitos, e classificamos as coisas em grupos e padrões. Se é muito trabalhoso conhecer o mundo na sua complexidade, é muito fácil criar padrõezinhos e respostas fáceis pra nos estruturar e nos acalmar. Olha pra essa sequência aqui por exemplo, 00010100010011, você vê um padrão? Eu também vejo.


E aí eu perguntei lá no Twitter do Normose e 90% das pessoas viram um padrão, no entanto, essa é uma sequência aleatória criada completamente ao acaso, se é que existe um acaso.


Mas enfim, e aqui?



Você também não vê padrões? E nisso aqui? Há algum padrão?



E aqui? Aqui sim né?


Tá, mas o que os padrões tem a ver com isso? Bem, buscar padrões é o fato número 01 pra formar uma conspiração. Queremos encontrar sentido em tudo, dar respostas à nossa volta, achando que isso é ter o controle.


E nem sempre aquilo que eu quero acreditar com base nas minhas emoções batem com o que as evidências mostram, e aí tendemos a... jogar as evidências fora, é claro.


Isso parece ser fruto herdado dos nossos antepassados. Numa guerra, na floresta, num ambiente hostil, é melhor errar pra mais ou dar uma viajadinha errado buscando um falso sinal de que algo está acontecendo, do que moscar e ser pego por um predador, por um inimigo de guerra, ou em qualquer situação que passávamos enquanto espécie humana.


Era melhor estar mais alerta e errar por excesso, do que pecar pela falta. Só que assim, nós não estamos mais vivendo nesse tempo. Nós temos acesso à informação, teoricamente, ou pelo menos a maioria de nós não está vivendo nesse tempo.


Atualmente, nós estamos num mundo contrário disso, ou seja, podemos buscar a informação a todo momento pra provar qualquer coisa que a gente quiser, seja verdadeira ou falsa, ainda mais considerando que tem gente que ganha grana deliberadamente mentindo. E aí adivinha o que vai acontecer? A tendência é que a gente vai viciar em causa e efeito, e buscar sinal em todo lugar até onde não tem. Tá começando a nascer a teoria da conspiração.


Teoria da Conspiração


Bom, eu sei que existe uma elite globalista por trás de tudo que mancomuna as vacinas. Agora eu preciso buscar argumentos pra provar meu ponto. É o contrário do que é feito na ciência.


E tá aí uma primeira diferença entre o que é conhecimento real e o que é só parpite, conspiração. Quando queremos buscar uma resposta, o nosso cérebro viciado em interpretar padrões, passa a buscar alguma coisa que nos contemple, alguma informação totalizante, que explique o nosso mundo e que pareça concordar com a nossa suspeita. Então juntamos essas coisas que chamamos de sinais e começamos a fazer ligações coisas que não necessariamente são corretas, mas que dentro de si passam a ter algum sentido.


Nesse momento, se não tivermos alguma espécie de filtro-controle ou de alguma crença contraponto daquilo que estamos enxergando, passamos a assumir aquilo como verdade. E todos aqueles que duvidam da nossa conclusão estão fazendo parte de algum complô, de alguma natureza profunda, escondida, maldosa, destrutiva, movida por algum plano secreto, de algum líder muito poderoso e onipresente, que sabe de tudo e tudo vê. E é claro, isso é feito sempre em segredo, e só você que recebeu essa mensagem no zap do tio Rogério que ficou sabendo, o resto todo é secreto.


Então, por receber uma informação tão privilegiada do tio Rogério, você se vê no direito de juntar os pontos e sinais que não tinham ligação entre si, e voilá, conspiração. Você talvez já deva ter passado por isso, sobretudo se é uma pessoa ansiosa. Sabe quando você, de repente, percebeu que alguém olhou torto no seu grupo de amigos? Ou quando seu chefe diz, precisamos conversar? Nessa hora, um milhão de coisas passam na nossa cabeça, começamos a imaginar cenários, perceber padrões, ver se a gente tinha feito alguma coisa, e nada tinha acontecido.


Era só a ilusão da nossa cabeça, percebendo padrões imaginários. A conspiração funciona mais ou menos no mesmo sentido. Esse mecanismo, que é comum a todos nós de perceber e fazer as análises das coisas, é utilizado nas conspirações de maneira desregulada, descontrolada, sem filtros, mas a gente já vai chegar lá, porque veja só que complexo.


Duvidar, questionar, criticar é algo fundamental. Tanto o crítico, quanto o sábio, quanto o inteligente, quanto o cientista, quanto o conspirador partem do mesmo ponto, o ceticismo. Desconfiar que algo não é do jeito que é mesmo, sabe? Se a gente não duvidasse, seríamos altamente manipuláveis, compraríamos toda e qualquer propaganda porcaria da polishop.


Então nós temos o nosso filtro crítico, e ele nasce da dúvida. Essa mesma dúvida, porém, pode ser utilizada e movida por um conspirador, que vai usar um incômodo real, próximo da sua vida, para começar a distorcer as verdades. Portanto, veja só que difícil, tem conspiração que existe? Sim, tem um número muito, muito pequeno dessas mentiras conspiratórias que acabam sendo verdade.


Mas elas tem um padrão, veja só, a invasão dos Estados Unidos em outros países, quando Estados Unidos jurou que o Iraque tinha bombas só pra poder invadi-lo, era falso, uma conspiração comprovada.


O mesmo quando a indústria do cigarro escondeu dados e mentiu por décadas, e agora, recentemente, quando a Volkswagen mentiu sobre os poluentes que seus carros emitiam.


Todas conspirações que foram provadas verdades, mas você nota que nesses casos, há padrões de verificação? Há como checar essa notícia? Ela é testável?

Agora, por exemplo, a conspiração Lula tem clones, ou as antenas HAARP que controlam o clima e fizeram a chuva de propósito no Rio Grande do Sul?


"Sobre o nosso presidente eleito, eu vou falar, mas eu sei que as pessoas não vão acreditar mas eu tenho obrigação de falar o que eu estudo e o que eu tenho visto. Essa pessoa que está ali já não é mais original, há muito tempo, todo mundo sabe disso, até tem várias fotos aí, e eles vão trocando, tinha cinco, parece que um se foi, ficou três, depois ficou quatro e agora tem o último. São atores, não é original, está provado, os caras vestem uma máscara perfeita, são atores contratados que vestem uma máscara, que é uma tecnologia de Hollywood, que é um processo perfeito, tu olha assim, nem as pessoas de perto vêem que a pele é exatamente, não é um plástico, é uma coisa assim, uma borracha, uma coisa assim muito bem feita com os cabelos, com tudo, essa é a informação que eu tenho, eu sei que parece ridícula, mas aí está muito comprovado isso. Tem foto. Tem foto." O teste disso é possível? Tem como você pegar a genética do Lula? Tem como você fazer um exame de DNA do Lula? Não, é tão distante do real que fica até difícil de desprovar, e aí o conspirador vive naquela dúvida, e se for verdade? A mesma coisa para a antena HAARP, e que tem uma resposta simples para você sair dela, se a antena está no céu e muda o ar de todo mundo, os mais ricos e poderosos também vão ter o ar mudado? Também vão ser prejudicados? Se a resposta é sim, a teoria da conspiração é falsa.



"Acorda! Não é mais besta não, a gente sabe que a antena Sharp, e que essa chuva em este tempo não é por causa de aquecimento biobal, nem peridicada, são antenas HAARP"

Mas você começou a entender como existem tipos de conspiração diferentes, certo? Outra conspiração clássica é a dos videntes, pessoas que teoricamente descobrem coisas do futuro, tipo a conspiração dos Simpsons.


Tá aí mais um padrão fácil de perceber. Como os Simpsons tem trezentos e tantos episódios, e várias temporadas, é claro que uma coisa ou outra do mundo real eles vão acertar, e aquilo que eles não acertam, a gente simplesmente não liga, dando a impressão de que há uma conspiração dos Simpsons, não há, é só um padrão distorcido da nossa realidade.



"Eu moro aí no Rio Grande do Sul, vai fazer um tempinho, que eu venho falando pra vocês, Rio Grande do Sul, uma hora chove demais, outra hora é muita chuva, outra hora é muito sol, outra hora as plantações estão tudo morrendo, o pessoal, os agricultor passando nessa cidade, perdendo tudo que tem com o calor e as tempestades, e eu venho falando pra vocês que logo, logo, logo começaria a chover, e começaria a vir as tempestades, tem vídeo gravado aí, não sei se vocês têm me acompanhado, mas é só pra lembrar vocês."


E assim vai, você pode pegar aí qualquer conspiração, de qualquer tipo, da cultura pop, de que a Avril Lavigne morreu e foi substituída, ou até as mais sérias, com teor antissemita ou de desinformação sobre vacina, todas elas funcionam à base de uma fórmula.


Fórmula da Conspiração


E aqui está a fórmula da conspiração, pode testar aí, é sempre a mesma coisa. Primeiro, existe um grupo, ele age em segredo, é muito poderoso e tá ali pra roubar o poder, esconder as verdades secretas ou ganhar alguma utilidade, às custas de te enganar.


É sempre assim, a mesma conspiração. Ah, e essa fórmula não é à toa, é um estudo completo da Universidade de Oxford, que você pode conferir as fontes aqui na nossa descrição. Agora veja, não pense que uma fake news basta pra mudar uma pessoa, e não pense que um conspirador vira conspirador do dia pra noite não, a coisa é muito mais lenta, muito mais sutil, e você não começa a acreditar do nada que o aquecimento global não existe.


A coisa acontece em camadas, ao adicionar níveis diferentes de conspiração, o sujeito vai alterando a sua forma de pensar, e a cada conspiração vai ficando cada vez mais vulnerável.


Teorias da conspiração funcionam muito bem em quem tem medo de mudar a sociedade, pode notar, conspiradores estão sempre justificando tragédias, morrendo de medo dos problemas que não existem, tentando desviar a atenção das pessoas pros sistemas sociais, pra política, pras coisas que realmente fazem sentido, por isso que tá cheio de gente dizendo que não é pra olhar os culpados, agora na tragédia do Rio Grande do Sul, porque olhar os culpados dá um trabalhão, é descobrir que talvez você esteja errado nas suas decisões, de que talvez você não domine tanto assim o assunto tragédia, e isso te dá medo, e o medo, o medo paralisa, o medo é o maior fator de vulnerabilidade pra conspirações, por isso que elas aumentam durante períodos de tragédia, as pessoas estão frágeis, elas estão sem apegar a alguma coisa, alguma luz, alguma esperança, e aí a conspiração traz alívio, traz controle, uma resposta frágil, no meio de uma tragédia, o correto seria parar, olhar pras causas ambientais, políticas, do fenômeno El Ninho, sem ignorar as causas materiais e ideológicas de um sistema econômico, pensado no lucro, e que precisa explorar infinitamente um planeta com recursos finitos, tudo o que teve de descaso e falta de manutenção do governo, todo aquele tratamento de maluco que as pessoas deram aos cientistas ambientalistas que estavam avisando do que ia acontecer, ou, você pode receber no zap do tio Rogério: "atenção, eles querem invadir sua casa, não saia sob nenhuma enchente."


Infelizmente, tem gente que acabou perdendo a vida por causa de fake news, porque acreditou que o governo tinha instalado antenas pra fazer chover, derrubar as casas e roubar aquele terreno, não faz sentido, eu sei, mas é emocional, e quando você tem medo, você não tá nem aí, você só quer uma resposta fácil, um conforto, um alento.



"Vocês não vão prosperar com esse negócio mais, porque o povo não vai dar mais atenção pra vocês. Vocês podem provocar o terror, vocês desrespeitaram o povo brasileiro que tava morrendo afogado transmitindo o show daquela pornográfica, aquilo é um ritual satânico que tava acontecendo no Brasil, e todo mundo sabe o que vocês estavam fazendo, vocês estavam fazendo oferenda com os corpos das pessoas do Rio Grande do Sul, todo mundo que tem o mínimo de entendimento espiritual sabe o que tava acontecendo ali naquele lugar, pode me chamar de doido também, eu nunca ia tocar nesse assunto, vocês estavam fazendo ritual ali, e vocês estão fazendo oferenda com o povo, vocês não tão falando a verdade do que tá acontecendo, vocês não tão, vocês podem me chamar de doidinho também, vocês que são imbecis e não tem compreensão espiritual, aquilo nunca foi um show, aquilo é um ritual satânico, quem tem o mínimo de compreensão das causas espirituais sabe do que eu tô falando."


Então por mais mirabolante e maluca que seja uma fake news que rola durante uma tragédia, ela vai ser muito mais simples e intuitiva do que as respostas mais complexas, mais refinadas, no momento que as pessoas estão precisando de respostas fáceis.


Então guarda essa informação, a pessoa nunca é enganada sozinha, é vontade e desejo de permanecer nessas ideias, por isso não adianta argumentar, por isso não adianta falar, os conspiracionistas às vezes são muito narcisistas, eles não conseguem lidar com o fato de que o mundo não é como eles querem, e como poucas pessoas tendem a crer nessa bobageada, quem acredita na conspiração não passa a se sentir isolado do meio, passa a se sentir especial, detentor de uma verdade que só a pessoa tem, você deve conhecer alguém na sua família que é assim né, enche a boca pra falar asneira, não fala nada com nada e se sente o supra-sumo da inteligência, é complicado.


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Viés da Confirmação


É o tal viés da confirmação, todos nós buscamos confirmar certezas que já temos, e quando somos confrontados com a verdade, é muito mais confortável dizer, foda-se, é aí que entram os gurus... Algo há escondido delas, e que apenas o coach tem o poder de revelar a verdade, como não se sentir especial pro seu grupo, aliás, grupo, tá aí um outro fator muito importante pra você decidir suas opiniões, nós somos movidos por coerção social, nós tomamos opinião daqueles que estão em volta de nós, é fato, como ninguém quer ficar de fora e somos animais sociais, ligamos muito pro nosso status na sociedade, consequentemente vivemos comparando as nossas ações e crenças com a dos nossos próximos, e se eles acreditarem em algo, é muito mais provável que você também passe a acreditar, a mesma coisa acontece por exemplo nas pesquisas eleitorais, que a maioria das pessoas decidem votar no candidato que está na frente, por esse mesmo motivo também que gurus e charlatões tem adorado a forma de "debate" que é proposta nas redes, sabe por quê? Coerção de grupo, fala a verdade, o quão convincente foi o argumento de quem é contrário a sua opinião que você já assistiu e acabou mudando de opinião no debate? Pensa aí no último debate que você assistiu, uma hora quero fazer um vídeo só sobre isso, me cobra pra não esquecer, mas essa forma de debate como tá dada é falha, porque se não houver uma base de troca em comum entre os debatedores, cada um vai tá falando só pra sua plateia, debate só funcionaria se houvesse troca de ideias a partir de um ponto em concordância, do contrário só vai sobrar surra de prosa e desfile pra própria plateia, a torcida A vai preferir o A, a torcida B vai preferir o B, porque aquilo ali não é uma troca, é uma competição de melhores argumentos, e aí é como torcida, nós vamos torcer pra quem já torcia.


O fato é que gurus, charlatões, falsos profetas, enganadores e todos esses que querem pregar dúvidas e desinformar, costumam muito usar desse modelo debate, porque ele não tá ali pra te mostrar verdades, trazer conhecimento, ele tá ali pra te plantar a dúvida, te fazer sair dali pensando, mas e se for verdade?


Pequenas doses de propaganda daqui, dúvida paranoide de lá, e aí quando vê, é uma tragédia, você perdeu tudo, tá todo mundo desesperado, você não quer tempo pra racionalidade, você quer respostas, respostas rápidas, e onde buscar as respostas fáceis? No seu grupo de pertencimento, Horas.


Em Terra Plana, documentário da Netflix que eu sempre cito por aí, tem um personagem que eu vou eternizar agora em vídeo, é o moleque que constrói a motoca da Terra Plana, sabe? Ele perde muito tempo construindo aquela motoca, e eu sempre fiquei intrigado, porque perder tanto tempo pra construir uma motoca da Terra Plana? Então, quando entrevistado, ele responde.



Ok, quando eu gravei isso aqui, eu lembrava que era um moleque, não é um moleque. Ele só queria um amigo pra chamar de seu. Um grupo de pertencimento. Ninguém gosta de se sentir mal. Eu sei que pra algumas pessoas é muito mais divertido pensar o mundo assim:


"Eu só acho que o conflito no Oriente Médio é por conta de petróleo, não é. Esse lugar que é onde tá essa mosquita, que é o domo da rocha, tem alguma coisa ali dentro, que não sabe se isso é um portal. No Talmud é dito que é um portal entre mundos, que tá ali dentro.


É a pedra fundamental, é quando o mundo foi construído, ele foi construído em volta dessa pedra. É, é o local, aí você vai pirar. É o local onde Isaac ia sacrificar seu filho, antes, Abraão aliás, ia sacrificar Isaac, Deus falou não.


É o lugar onde o profeta dos islâmicos lá, teve sonho com Deus e voou em carruagens, então é um lugar que tem uma energia ali, que ninguém sabe o que que é aquilo. E dizem que, cachete, essa pedra que tá ali, é o Axismund, é a primeira pedra do mundo. E em volta dele, o mundo foi construído.


É o Core, da Matrix é o Core. E aí, ninguém pode dominar aquela porra lá."


Explicações de um mundo que parece RPG, dragões, mapas secretos e tudo mais, é muito divertido. Mas eu sinto lhe informar, pensamento mágico não existe. A gente não voa. Eu queria muito que a gente voasse, que a gente soltasse poderzinho pelas mãos.


Que a gente tivesse algo secreto a mais, além da nossa própria humanidade, toda contraditória. Mas não tem. E então, longe de mim ser o arauto das más notícias, mas eu preciso te contar uma coisa.


Apesar de algumas teorias da conspiração serem entendidas por algumas pessoas como inofensivas, como engraçadas, como bobas, eu vou ser um pouco chato aqui. Depois de tudo que a gente viveu na pandemia. E nos quatro anos de dúvida e caos que o governo oficial mentia todos os dias, eu afirmo com todas as letras e tenho uma posição bem objetiva e marcada aqui.


Não há nenhuma teoria da conspiração inofensiva. Nenhuma. E eu vou te explicar o porquê.


Como nós já dissemos, as teorias da conspiração partem de lugares muitas vezes reais. É fato, por exemplo, que o governo poderia estar fazendo mais uma tragédia. É fato, por exemplo, que a mídia tem os seus interesses.


Mas se você começar a olhar demais pro abismo, sem nenhum filtro, o abismo vai te olhar de volta. Você vai passar a sentir uma aversão generalizada a todos os grupos políticos, de mídia, como se todo mundo quisesse te enganar. E o que mais me assusta é que o maior fator para uma pessoa acreditar numa conspiração, sabe qual é que é? Não é desinformação, não é falta de educação. É uma outra conspiração. Uma anterior e a outra posterior. Ficou confuso? Eu explico.


Quanto mais alguém acredita numa conspiração, mais chances a pessoa tem de acreditar em outras teorias. E isso acontece porque não tem a ver com o conteúdo daquela conspiração, mas com um modo de pensar que vai se formando. Um maquinário de construir os seus saberes a partir da paranoia.


Nós temos cadeias de pressupostos onde a gente vai ver as verdades. E as conspirações vão destruindo cadeia a cadeia. Há instituições como universidade, ciência, jornalismo, vão tudo sendo deixado de lado, como inimigo, como ameaça.


E aí a pessoa cai num mundo paralelo. Negacionistas climáticos, por exemplo. Apesar de serem extremamente robustas as evidências sobre o tema, e a influência humana no aquecimento global, essas pessoas só precisam de um doutor contra a universidade toda que esteja, sei lá, buscando fama ou interesses próprios, pra que um grupo todo se apegue na confirmação falsa das crenças prévias.


Mentalidade conspiratória


E essas coisas vão formando uma mentalidade conspiratória. Abraçou a primeira teoria da conspiração? É difícil ter volta. Porque, ora, eu já tenho uma mente que conspira, que acha que tem algo secreto em tudo que está acontecendo.


E se eu já aceitei que os governos estão todos mancomuna , por que eu não posso aceitar que eles mentem na vacina? Se eu já aceitei que a indústria farmacêutica quer me enganar, por que eu não aceitar que já existe a cura do câncer, e as pessoas só não querem divulgá-la?


"A mídia, neste ano, agora, 2023, andou pegando pesado um alarmismo incrível, dizendo que íamos ter um super el nino neste ano. De tal forma que o pessoal do Norte e Nordeste pode ficar tranquilo, que não vai ter seca. Em contrapartida, o pessoal do Sul, Rio Grande do Sul, não vai ter o excesso de água..."


Veja, não se trata aqui de uma falta de lógica, mas de uma outra lógica invertida, do avesso. Uma lógica não linear, um mundo do avesso. Esse é o título do livro da Letícia Cesarino, que é uma pesquisadora fantástica e é sempre fonte aqui no nosso canal.



É claro que tem gente que cai nesse senso comum de dizer mas isso aí sempre existiu, não tem nada novo de fake news, conspiração. Óbvio, isso é claro. Mas o que não é óbvio é a gente olhar para a infraestrutura do que está produzindo esse tipo de ação, esse tipo de conspiração.


Máquinas cujas recompensas são maiores se feitas à base de mentira, desinformação e conspiração do que de educação e informação. Assim são desenhadas as redes sociais. É simples, a monetização aqui dentro é feita por quantidade acima de qualidade e ponto.


Ou seja, quem mais produzir, ganha mais grana e acabou. Produzir coisas fáceis é muito mais fácil do que produzir coisas complexas. E aí o vírus está feito.


Mais dinheiro para quem mente, menos grana para quem desmente. O jogo está fadado à derrota se não houver alguma regulamentação algorítmica. As estruturas que organizavam os nossos ambientes sociais foram desestabilizadas por essa enxurrada de conspiração.


Foram quebrados os laços de confiança e de crença. E de novo, a mídia tem problemas, a universidade tem problemas, os governos têm problemas e devem ser criticados. Mas daí, a negar tudo isso e achar que estão todos mancomunados contra você, Jorginho do Financeiro que trabalha no 13º andar e ninguém liga, aí já é conspiração.


Veja, nós precisamos de pactos sociais para a sociedade funcionar. Sim, pactos sociais. Se vivemos numa sociedade, é porque aceitamos algumas coisas coletivas.


Acordos, é claro, mediados por poder, por interesse, são pouquíssimos voluntários, são feitos de cima para baixo, mas ainda assim são acordos sociais.


Por exemplo, quando você vai comprar um remédio na farmácia, você confia que alguém comprou o remédio da fábrica verdadeira. Você confia que essa fábrica contratou cientistas com pesquisas sérias. Você confia que esses cientistas não estão mentindo nos dados. Quando você vai num restaurante, numa padaria, você acredita que a vigilância sanitária, o Estado, fiscalizou aquela comida. Você acredita que não há nenhum veneno naquele alimento. E assim por diante, nós vivemos à base de uma cadeia coletiva de crenças. Quando a mentalidade conspiratória é posta à prova, essas pontes de confiança vão se ruindo.


E aí tudo se perde, os valores se perdem. Entenda, caridade e solidariedade são muito importantes, mas deram na casa de alguns milhões. Para reconstruir um Estado, são bilhões e mais bilhões.


Não tem como fazer isso sem o Estado. Mas se essa ponte estiver destruída pela conspiração, como é que fica? Todo mundo na mão dos mais poderosos. Os empresários que gostam muito de conspiração para ganhar dinheiro com a sua desconfiança.


Alienação voluntária


Para que a vida em sociedade caminhe e funcione, é preciso essa série de acordos silenciosos, essa série de confianças, de que o governo tem erros, tem desvios, tem corrupções, como todo governo não importando o lado. Mas o governo faz. O Estado tem ações obrigatórias, é claro, ninguém é bonzinho aqui.


Mas se você cair nessa de não acreditar em nada, daí você está no maior perigo. Eu tenho muito medo dessa situação. A alienação voluntária talvez seja o maior perigo do nosso tempo.


Essa alienação voluntária pode gerar inclusive transtornos da ordem mental, transtornos de personalidade paranoide, por exemplo, que acha que está todo mundo contra você. Não está. E é claro, é justo desconfiar do poder público.


O pobre sempre se ferra na mão do poder público. Mas se a crença for zero, vai ter gente que não vai querer sair de casa, mesmo com água no pescoço, porque acredita que o Estado está querendo pregar um mal. Isso já aconteceu tantas vezes.


Podemos falar, por exemplo, da África do Sul, que durante o mandado do presidente Thabombek, entre ali em 99 e 2008, tocou o terror com uma conspiração sobre HIV, que acabou matando 330 mil pessoas e 35 mil bebês. Com conspiração, sim. O governo dificultava o acesso a medicamentos, porque dizia que a indústria farmacêutica tinha inventado a AIDS para vender remédios caros, intoxicar a população e enfraquecer o país.


Fake news mata. Teoria da conspiração mata. Sim, as pessoas podem acreditar no que elas quiserem, mas elas estão pondo em risco a comunidade?


Não. Elas não podem acreditar no que quiserem. Precisamos ter um mínimo de acordo social do que está valendo no jogo das crenças. Podemos ter opiniões diversas, mas não opiniões que nos coloquem em risco, como são a maioria das conspirações.


Por exemplo, vamos pegar uma notícia que bombou muito nos últimos dias, a tal proibição da entrada de remédios por parte do governo.


"Não estão conseguindo chegar aqui, muitos deles, porque a burocracia para que os aviões, para que os aviões, todos os particulares, consigam transportar medicamentos é inviável. Inviável."


Isso é mentira, 100% mentira. Mas por que bomba? Porque pega na veia.


É o medo de morrer. Você fica na mão do medo de morrer, e aí você aceita qualquer informação. Até porque, veja, foi um médico dizendo, tem autoridade, por que eu não deveria acreditar? Bem, eu até poderia mostrar que se você fosse atrás desse médico, você descobriria que ele é um cara caçado, com escândalo, com prisão no Egito. Mas nada disso adiantaria.


Também não adiantaria mostrar o vídeo da anvisa, desmentindo e mostrando que nada disso é real. Nesse momento, a mente conspiratória quer acreditar.


Já tem a certeza, e já quebrou todos os acordos sociais. E daqui pra frente, é muito mais difícil recuperar o paranoide. Por exemplo, quer outro exemplo? O Whindersson.



Eu gosto muito do Whindersson. De verdade. Eu acho que é um sujeito que eu acompanho há tanto tempo, e eu tenho certeza que ele é um cara bem intencionado.


Mas de boa intenção, o inferno está cheio. Não adianta chegar na cozinha para fazer o bolo sem a receita, e querer fazer o que der na telha. É preciso defensoria pública, defesa civil.


Mas a mente conspiratória de que política é tudo igual, de que nada disso presta, faz as pessoas tomarem decisão errada, mesmo quando elas estão bem intencionadas.



Quando a gente não acredita mais em nada, é aqui que entram os gurus. Não há vácuo nas crenças. Mesmo esse culto pela dúvida, pela conspiração, tem um mercado altamente lucrativo. Então vamos para a parte final desse episódio. O mercado da conspiração dá dinheiro.


Postagens conspiracionistas são seis vezes mais compartilhadas do que postagens informativas. Isso sem contar os gatilhos de marketing do absurdo, economia da atenção e vixe.


Várias coisas que você pode ver em outros episódios aqui do canal, porque a gente está falando disso aqui faz tempo. Esses dias, a excelente jornalista Talita, Burbulhan viralizou fazendo um vídeo ótimo. Ela mostrou como desmente uma notícia, passo a passo.


Para isso ela precisou assistir o vídeo várias vezes, descobrir que a placa do vídeo não era do Brasil, mas de outro país, relacionar com o evento que estava acontecendo naquele país. Enfim, maravilhoso! Demora vários minutos, várias horas. E a lógica do algoritmo recompensa visualizações.


E aí adivinha? Enquanto a Talita fazia esse trabalho, 250 Negodis e 380 Pablo Marçal mentiam, mentiam e mentiam. E se a justiça mandar tirar do ar, você já quebrou as pontes de confiança. A culpada é a justiça. Complexo, né?


"O Ministério Público decidiu que eu vou ter que apagar os vídeos falando sobre tudo que está acontecendo aqui no Rio Grande do Sul. Sim, o Ministério Público e a Globo decidiram, e é isso que eu tenho pra dizer. Será que é fake news? Será que todo mundo está falando uma mentira? Ou será que tudo é verdade? Eu acho que todo mundo já sabe. E eles estão com medo. "


Até porque, olha que louco, teóricos da conspiração também têm uma influência desproporcional no número de alcance. Se apenas 5% dos comentários forem conspiratórios numa postagem, eles terão 64% das reações.


Ou seja, a gente também faz muito barulho com o absurdo, deixa a parada muito maior do que ela é. E aí, ela vai angariando pessoas pelo caminho. Se um post for divulgado 2 milhões de vezes e apenas 1% passar a acreditar, pense quantas pessoas vão cair na mentira. O jogo é muito cruel.


E os valores de ganhos que Google, Facebook, Youtube, WhatsApp têm ganhado com a divulgação de notícias falsas é na casa das centenas de milhões. Qual é o verdadeiro interesse de combater esse tipo de notícia? E por último, é claro, a gente não pode esquecer deles. Tem gente que não está nem aí mesmo.


Está lucrando em cima da tragédia. Tem gente que é mau caráter. Tem gente ruim.


Eu sei que é difícil acreditar que tem gente tão ruim a ponto de lucrar com uma tragédia. Mas tem. E daí pra frente, você precisa entender que é contigo um trabalho de ação mesmo.


Não adianta dizer que não vai acreditar em mais ninguém porque eu já mostrei que isso é um caminho para ser enganado de novo. Então, só tem duas saídas aqui. Uma é mexer nas grandes empresas.


Os algoritmos precisam ser regulados. Isso sim é um verdadeiro respeito à liberdade de expressão. Estabelecer um mínimo do que é possível se expressar. E é bem provável que esse vídeo aqui perca o alcance e seja desmonetizado porque é esse jeito que a plataforma tem combatido as notícias.


Tudo que fala sobre fake news, seja fake news ou combate a fake news perde a força do alcance. Por isso eu peço pra você o compartilhamento, inclusive. Depois, porque não tem como fugir da política.


Se você odeia a política, você vai ter que lutar do mesmo jeito pela boa política. Essa é a nossa única saída. Ou ficar chorando muito. E o outro caminho, não é ir debater, argumentar, trazer dados, fatos, dizer que a pessoa é burra ou qualquer coisa do tipo. Por incrível que pareça, é o contrário.


É baixar a guarda e tentar entender de onde vem aquela informação falsa. Perguntar pra pessoa qual é a dor que aquela conspiração tá aliviando? Qual é o afeto que tá movendo a pessoa acreditar naquilo? Qual é o afeto que tira a pessoa de acreditar naquilo? Não adianta debater.


Não adianta essa lógica de racionalidade. Essa lógica foi destruída pela conspiração. Esse processo tem pouco a ver com inteligência. Tem a ver com emoção. E se tem a ver com emoção, tem a ver com espelho. É muito fácil falar da fake news dos outros. Mas e nós? Quando nós caímos em fake news, o que tá acontecendo? Qual o sentimento que move cair em notícias falsas? Todos nós estamos em algum grau reféns da conspiração na rede social.


Embora a nossa cabeça queira insistir que esse problema é só dos outros, todo mundo é um outro de alguém. Eu tô convencido de que estamos todos emburrecendo com as redes sociais.


Eu tô convencido que estamos todos perdendo a capacidade de enxergar sutileza, nuance, tom de cinza. Eu tô convencido de que todos estamos sendo treinados pra simplificar tudo. Inclusive nossa própria inteligência.


Então se você realmente quiser mudar a situação, ou você vai conversar baixando a bola pra entender como curar um fanático, ou você vai trabalhar na prevenção, vacinando o máximo de pessoas possível, alertando o máximo de pessoas possível, quais são os gatilhos da conspiração, qual é o perigo de acreditar nesse funil e como que é muito difícil sair de dentro do buraco depois que você entrou.


Mas nunca se esqueça, apesar de muito barulho que essas pessoas fazem, apesar de a gente ter sido relembrado de como foi a pandemia, ainda tem muita gente boa no mundo. Quem vive no mundo paralelo precisa reafirmar suas mentiras a todo momento.


Mas o mundo continua girando através das boas ações. Vale a pena trabalhar nessa prevenção. E veja, esse vídeo aqui, você deve ter percebido, já estava pronto, mas foi reformulado depois do que tudo aconteceu no nosso país.


Nós já estávamos com as datas desse episódio e as publis todas organizadas, a gente não pode simplesmente deixar de soltar. Mas, a partir de agora, todas as instituições que a gente vai pôr no comentário fixado, que estão precisando de ajuda urgente, solidariedade, doação, esse vídeo aqui é pra pedir pra que você participe, assim como nós estamos participando enquanto Normose.


Na semana que vem, eu estou anunciando aqui uma grande live do normose toda focada em desmentir fake news, pra que a gente tenha vários cortes pra distribuir por aí, cortes emocionais, que façam isso que a gente fez ao longo do episódio.


E por último, não fecha não, tem um pedido especial. O nosso amigo, o querido Sérgio Hoff, nosso parceiro de lives, que fez parte de uma das coordenações da Brasil Parasita, um cara incrível, perdeu tudo na enchente, porque é morador de canoas. Ele e a sogra tiveram tudo destruído, fora os animais, fora a dor, fora o trauma, e o Sérgio precisa muito da nossa ajuda pra se reconstruir.


Eu quero pedir pra você, pra além da ajuda financeira, e o Pix do Sérgio tá passando aqui, pra que você se inscreva no canal dele, porque quando ele voltar ele vai precisar fazer muita live, e a gente vai tá aqui pra ajudar ele nesse trabalho. Eu conto com você, por favor não pare de solidariedade, não pare de buscar novos caminhos, novas conexões, e por favor, não deixe de construir ponte entre as pessoas. Ainda vale a pena. Este texto é uma transcrição automatizada do material original apresentado no vídeo abaixo. Pode conter erros de transcrição. Recomendamos assistir ao vídeo para uma compreensão mais precisa e completa.




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