SINDICATO ainda tem salvação? História do trabalho - doc especial
- Antologia Crítica
- 11 de ago. de 2024
- 23 min de leitura
Opa, suave por aí? Um vídeo extra num dia especial de feriado, 1º de maio de 2024. Essa data sempre ganha um episódio especial aqui no canal, e esse ano não vai ser diferente. Pra muitos de nós, hoje é só um dia de curtir o justo churrasquinho e um bom descanso, mas você sabe quantas pessoas derramaram sangue pra você poder descansar no dia de hoje? A história da luta do trabalho é a história dos limites da exploração.
Não há direito dos trabalhistas sem luta social. Isso não é uma opinião, é um fato histórico. Limitação da jornada de trabalho, 13º, descanso no feriado, fim de semana, hora extra, valor noturno, hora em salubridade e aposentadoria. Não adianta brigar com a história. Quem conseguiu isso foi a luta organizada dos trabalhadores. E por isso, hoje vamos falar do tão amado, odiado e polêmico sindicato e sindicalismo.
Sabemos, porém, que num mundo cada vez mais individualista e atomizado, muitos de nós se perguntam, sindicato pra quê? Sindicato ainda serve pra alguma coisa além de me cobrar taxa obrigatória e não fazer nada por mim?
Quem se sente representado por sindicato? Há uma crise no mundo dos serviços e na organização trabalhadora, e as respostas sindicais estão bastante fora do seu tempo e não tem conseguido atender as demandas da geração e os problemas do mundo de hoje, fazendo dos sindicatos locais de acúmulo de poder, grana e pouquíssima conquista social. De onde vem essa crise? É isso que eu e meu querido amigo Antídoto nos juntamos pra estudar, escrever, gravar e ir atrás de um apoio de sindicatos pra custear esse vídeo. Mantendo é claro, total independência e sem intervenções no que a gente tava fazendo.
Porém, pra que não haja dúvida na lisura do trabalho, convidamos você a duvidar, vá atrás das nossas fontes e se aprofunda na história. Estamos sendo transparentes nesse vídeo patrocinado, então já deixa seu like que hoje é um feriadão e a gente tá aqui suando e trabalhando, beleza? Então é isso, bom episódio.
Primeiro de tudo vamos às definições. O que é um sindicato? O sindicato é objetivamente uma ação coletiva pra proteger e melhorar o nível de vida por parte de gente que vende a sua força de trabalho e individualmente não consegue negociar. Já sindicalismo é uma corrente política ou uma corrente que defende a importância de fortalecer os sindicatos pra que tenham um papel forte na nossa sociedade. Historicamente, eu poderia voltar tipo 4 mil anos antes de Cristo e falar do antigo Egito pra começar a falar de sindicato.
Foi lá que se deu a primeira greve da história, quando alguns trabalhadores se juntaram pra não construir um mausoléu de um faraó. Ou eu poderia também viajar até o século XII, durante a Idade Média e falar das guildas e dos clãs, que geralmente eram organizações de trabalhadores da mesma profissão lutando por direitos.
Quando aconteceu a Peste Bulbônica, Peste Negra, um monte de gente morreu.
As consequências foram devastadoras em muitos aspectos. Um deles foi o seguinte, tinha menos gente pra trabalhar e a quantidade de terras continuava a mesma. Na época não existia indústria, então a riqueza e prosperidade dependiam muito mais de terra.
E agora você tinha muito mais terra pra ser trabalhada do que gente pra trabalhar na terra. Teve famílias que pela primeira vez em gerações puderam escolher onde e com quem, com o que E o pagamento como um todo subiu, porque as pessoas não eram mais obrigadas a trabalhar com qualquer coisa que aparecesse pela frente. Alguns anos depois, Lutero traduziu a Bíblia, que estava escrita em latim, pro alemão, que era a língua que as pessoas falavam onde ele vivia. E pela primeira vez teve pessoas que conseguiram de fato ler o que estava escrito lá e não precisavam mais acreditar no que dizia a nobreza.
Peraí, se aqui tá escrito que nós somos todos iguais, por que a gente precisa trabalhar até morrer pra vocês ficarem vivendo no luxo? Muitos camponeses começaram a se revoltar. Mais de 300 mil camponeses fizeram revoltas onde hoje é Alemanha, Áustria, Suíça. Você acha que as elites da época deixaram barato? Não deixaram. Mais de 100 mil camponeses foram mortos.
Mas pensa aqui comigo. Numa sociedade agrária com muitos resquícios do feudalismo, é difícil as pessoas se unirem. Elas estão espalhadas por todo esse território. Elas estão geograficamente distantes e não tinha formas rápidas de se comunicarem, de se organizarem.
Da mesma forma, as pessoas que foram escravizadas, trazidas pra trabalhar aqui na América, elas eram separadas e não tinham formas de se unir, se organizar, se comunicar. Pensa que até tambor era proibido, porque eles poderiam tocar tambores e através desses tambores se comunicar com o pessoal que está longe. E mesmo as pessoas que estavam próximas, mas foram trazidas de lugares diferentes, de culturas diferentes da África, poderiam através desses tambores fazer festas, fazer cultos, fazer danças, fazer músicas e se aproximar e se unir mais uns com os outros.
E mesmo sendo tão difícil e tão dificultado, muitas dessas pessoas conseguiram se unir, se organizar e formaram quilombos. Agora, se muita gente escravizada está fazendo boa parte do trabalho agrícola aqui na América e lá na Europa surgiram novas tecnologias que deixaram mais eficiente o trabalho das regiões rurais, isso significa que muita gente que estava nas regiões rurais foi para as cidades, onde acontece a Revolução Industrial. Surgem fábricas e indústrias e aí essas pessoas vão trabalhar nas fábricas.
Uma qualidade de vida deplorável. Muita gente morando em cortiços, trabalhando 12, 14, 16 horas por dia, sem condições de saúde, de segurança, de higiene no lugar onde trabalham, sem direitos. Mas tem uma coisa que se transforma e que vai fazer toda a diferença.
Se antes essas pessoas estavam distantes, agora elas estão morando próximas umas das outras. Se antes elas trabalhavam em fazendas e ficavam espalhadas geograficamente longe umas das outras, agora tem milhares de pessoas trabalhando literalmente no mesmo lugar, pro mesmo patrão, com os mesmos problemas. E isso pode fazer toda a diferença.
Eu posso escolher qualquer momento da história, porque é o seguinte, se há trabalho, há luta pelo trabalho decente. Mas pra esse vídeo não ficar com muitos pirulas de duração, vamos fazer um recorte mais atual, que tem a ver com o formato de greve, de sindicato, de luta trabalhadora como a gente conhece hoje. E pra isso, vamos começar esse vídeo no século XVIII, na Inglaterra.
Revolução Industrial
Primeira Revolução Industrial Com a popularização da máquina a vapor e a manufatura do grande escalão se tornando uma realidade, os maiores afetados desse grande boom tecnológico foram os trabalhadores artesãos. Trabalhadores qualificados que faziam roupas e objetos a mãos e tinham um interesse em comum, o desespero frente a velocidade das máquinas. Assim, nasciam os sindicatos por ofício, ali pelos anos de 1800.
Conforme a tecnologia de produção vai aumentando, outros trabalhadores vão se integrando às indústrias e às fábricas. Agora, trabalhadores menos qualificados, fazendo trabalhos cada vez mais simples e automatizando dentro de uma cadeia extremamente dura de organização o seu trabalho. É aquilo que talvez você lembre da época da escola chamada do Taylorismo, ou o filme do Chaplin.
O filme do Chaplin você deve lembrar, não? Aquele método de produção que padroniza os produtos e barateia os custos, mas que deixa um trabalhador como um autômata, sem saber nem direito o que está fazendo, o que abre um outro nível de exploração. Jornadas de 14 horas diárias, sem fim de semana, nem descanso para homens, mulheres e crianças operárias. E toda vez, desde que eu virei professor de história e repito essa parada de que as crianças operárias eram boas para o serviço, porque tinham mãozinhas pequenininhas para enfiar dentro das máquinas, me dá uma agonia, é uma coisa ruim.
Normose é um negócio muito doido, né? Isso aí era normal, doentio pra caramba. Mas enfim, é dessa época e por esses motivos que nascem os sindicatos de indústria, que tendem a organizar os trabalhadores que, apesar de exercerem profissões diferentes, estavam dentro da mesma indústria. Em 1817, os trabalhadores iniciam campanhas de jornadas de trabalho com o lema 8 horas de trabalho, 8 horas de recriação, 8 horas de descanso, do socialista reformista Robert Owen.
Mas foi só em 1º de maio de 1886, muitos anos depois, nos Estados Unidos, que um acontecimento vai marcar a luta trabalhadora dali pra frente. Era o início da Revolta de Haymarket, que seguia, há alguns anos, a tradição dos atos de 1º de maio, puxado por organizações socialistas e anarquistas ativas pela defesa da jornada de 8 horas de trabalho.
Essa data aproveitava a curiosa tradição americana e canadense do Moving Day, ou dia da mudança, quando exatamente às 9 horas da manhã do dia 1º, todos os locatários e proprietários alteravam os contratos e subiam os preços das locações, tornando-se muitas vezes impossível da pessoa continuar por ali e fazendo com que ela fosse forçada pra ir pra rua, procurar outra casa.
Isso acontecia com todo mundo, e todo mundo ia pra rua. A rua estava lotada, e aí os trabalhadores decidiram aproveitar pra fazer a manifestação nesse dia. A cidade estava uma zona, e assim milhares entraram em greve e participaram das manifestações, mais de 100 mil trabalhadores parados nos Estados Unidos.
Só em Chicago, o centro do movimento, foram 40 mil pessoas aderindo ao movimento. Logo no 1º dia, dois trabalhadores foram mortos numa invasão da polícia. Isso só aumentou ainda mais a revolta.
Grupos anarquistas convocaram uma manifestação para o dia 4 de maio, e foi na Praça Heymarket que o grande confronto aconteceu. A polícia partiu pra cima com violência. Os agentes abriram fogo contra a multidão, deixando muitos feridos, entre homens, mulheres e crianças.
Às 22h30 uma bomba caseira de origem desconhecida explodiu, matando alguns policiais, e aí o massacre deles foi total. A polícia depois ignorou que é da própria natureza anarquista não ter líderes, e acabou condenando oito pessoas escolhidas aleatoriamente sem provas, e condenaram esses trabalhadores à forca. Esse dia nunca mais foi esquecido, e três anos depois, a 2ª Internacional Socialista, realizada em Paris, propôs pra que o dia 1 de maio homenageasse essa revolta.
No entanto, a conquista pelas oito horas de jornada, iniciada em 1817, só foi alcançada em 1919, quando a OIT, a Organização Internacional do Trabalho, foi lançada, e definiu, enfim, que a jornada de trabalho não deveria ultrapassar oito horas e quarenta e oito horas por semana. Ou seja, a luta demora, a luta não é pra você, mas o direito vem. Por isso é tão necessário se organizar e lutar.
Mas desde então, muitas tentativas dos países são pra apagar a data do primeiro de maio. Na Itália fascista, por exemplo, a data mudou de dia do trabalhador pra dia do trabalho. Na Alemanha, do governo nazista, a mesma coisa.
A festa continuava vermelha, mas agora pra vangloriar Hitler, e não o trabalhador. Nos Estados Unidos dos anos 60, a data primeiro de maio, vejam só vocês, foi usada na Guerra Fria como motivo pra criar outra festa que não fosse a festa dos comunistas, e desde então, essa data marca o dia da Fidelidade à Pátria Americana. Os Estados Unidos é muito pau no cu, né, véi?
Ainda assim, nada disso apagou as lutas e as conquistas dos trabalhadores pelo mundo. Em outras palavras, se há capitalismo, há trabalhadores lutando contra a exploração.
Brasil e a Industrialização Tardia
Já no Brasil, sabemos que nosso país é fundado na violência, e portanto também na resistência e na organização de trabalhadores que nasceu junto da invenção desse país lá em 1500. Mas foi a partir do século XIX que o Brasil viveu a tal da Industrialização Tardia, período caracterizado pelo alongamento e pela intensificação da jornada de trabalho, e feita a partir da política de migração da mão de obra estrangeira pra cá pro Brasil.
A ideia era substituir a mão de obra negra, que agora era livre, e embranquecer o país. Então, uma massa jovem e operária pobre vinha de Itália, Espanha e Portugal trabalhar por aqui. Mas o que não se esperava era que esses trabalhadores eram ligados ao anarquismo, e tinham aliança com os trabalhadores internacionalistas e as alianças socialistas pelo mundo.
Quando chegaram ao Brasil e encontraram a situação dos povos indígenas e dos negros, conheceram essa intersecção e viram um espaço de luta para desenhar as primeiras greves e mobilizações operárias da massa do Brasil, misturando esses imigrantes com negros e índios e a luta trabalhadora que se fazia dali em diante.
Em 1907, sabe que o Brasil também estava reivindicando uma jornada de 8 horas de trabalho? E adivinha, 70 mil nas ruas de São Paulo, 60 mil nas ruas do Rio, e greve como uma coisa normal. 1909, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, foi marcado por greves sem parar, e os patrões considerando como vagabundos todos que aderiram às greves.
Era preciso fazer algo para conter esse avanço trabalhador. E foi assim que um deputado polêmico surgiu para fazer a caça às bruxas aos sindicalistas. Adolfo Gordo era o nome dele, nós já falamos algumas vezes de Adolfo aqui no canal, mas entre as medidas que Gordo tomou, está a proibição de imigrantes e a expulsão de imigrantes do país, a forma que eles acharam mais efetivas de acabar com a organização trabalhadora.
Além disso, criou também a Lei Infame, ou a Lei de Proibição e Censura a jornais e panfletos de trabalhadores que rodavam pelas fábricas. O desespero para destruir anarquistas, socialistas e sindicalistas era enorme. Por que será?
Enfim, foi apenas em 1925 que foi reconhecido o dia 1º de maio como o dia das manifestações de trabalhadores aqui no país, o que durou pouquíssimo tempo, pois quando, em 1930, Getúlio Vargas assume o poder, duas bandeiras principais entram em jogo, uma para representar a economia cafeeira do Brasil e a outra para organizar o mundo do trabalho.
Se até a primeira metade do século XX o sindicato era visto como uma ameaça à ordem do Estado, com Vargas há uma postura do uso da força do trabalho organizado para interferir nos sindicatos e manipular a massa trabalhadora, aceitando os sindicatos como vassalos do poder de Getúlio Vargas. Tudo então era feito com duas mãos. Com uma mão, defendia medidas importantes pros sindicatos organizados, e com a outra defendia os interesses da elite cafeeira que colocou Getúlio no poder.
E, como todos sabemos, não é possível servir a dois senhores. Apesar da fama de Pai dos Pobres, Vargas tomou as decisões políticas que tomou por causa do cenário político que tinha em volta, uma organização sindical muito forte, não era uma escolha dele ouvir os trabalhadores ou não até aquele momento. Com toda nova política da aliança liberal que elegeu Getúlio Vargas, não dava, por exemplo, para impedir a regulação da jornada de trabalho.
Mas se de fato muitos direitos foram sim conquistados pelos trabalhadores através de Getúlio Vargas, o custo foi a cooptação e a coleira nesses trabalhadores. O Ministério do Trabalho de Getúlio Vargas se apoderou dos sindicatos e criou sindicatos oficiais, sindicatos estatais, o que é quase uma contradição em termos. A ideia era criar um trabalhador de conduta exemplar, que não fazia greve nem perturbação, mas aceitava tudo o que o patrão dizia.
Então se ele foi pai dos pobres, ele foi um pai ausente e abusivo, daqueles que sai pra comprar cigarro e não volta mais. Mas pro rico, amor, carinho e cigarro toda semana, como mamãe. Ok, é verdade que a CLT de Vargas teve avanços inegáveis. Conquista de 13º, férias, jornada de 8 horas.
Mas Vargas apenas reuniu tudo aquilo que os trabalhadores estavam lutando ao longo de décadas. E adicionou ainda a inspiração fascista que Getúlio Vargas tinha, mantendo o controle total dos sindicatos e das greves, colocando a Aliança Nacional Libertadora na ilegalidade, perseguindo e mandando prender opositores políticos.
Muitos sindicatos foram fechados. A partir dali, igual nos governos de Mussolini e de Hitler, o dia do trabalhador virou dia do trabalho. E surgiram então os sindicatos patronais.
Sindicatos Patronais
Entre 33 e 35, os primeiros sindicatos dos chefes, dos patrões, das organizações das indústrias. É quando surgiu, por exemplo, a Federação das Indústrias, a FIESP, ou a Confederação Nacional das Indústrias, a CNI. E que é prova maior de que até o patrão sabe o quanto o sindicato é importante, do que o patrão fazendo o próprio sindicato dele.
E você, meu liberalzinho empreendedor, põe a cabeça pra funcionar? Se até o patrão quer sindicato, porque você jura que sozinho vai ser empreendedor? Pensa.
Com este modelo de sindicato, o sindicalismo deixou de ser visto como um adversário incômodo do governo, para um reconhecimento parcial, que era usado pelo governo, numa instituição democrática. Democrática nesses moldes que a gente está falando, é claro.
Após o fim do Estado Novo, em 1945, surgiu uma disputa sindical, que fez com que a luta sindical atingisse seu primeiro pico histórico, com imensas manifestações grevistas, a criação da CGT, o Comando Geral dos Trabalhadores. No campo, as lutas também se intensificavam, com a criação das Ligas Camponesas. Mas no Brasil, quando a luta trabalhadora começa a ganhar força, se prepara que vem golpe por aí.
E foi isso que aconteceu. Os militares se aproveitaram do governo de João Goulart, começaram a inventar o tal do fantasma do comunismo mais uma vez, e voilá, o golpe militar e a ditadura começaram. E aí, adivinha qual foi o papel dos sindicatos? Não teve papel dos sindicatos.
Ditadura Militar
O governo militar tutelou e amordaçou todo o sindicato e toda a organização trabalhadora de oposição. Uma nova legislação praticamente impediu as greves a partir de julho de 64. Olha que maravilha! Arrojo salarial como política principal e o valor real do salário mínimo foi reduzido em 42%.
Grande milagre econômico, hein? Além disso, 573 sindicatos foram invadidos pela ditadura e agentes do regime passaram a ser interventores do movimento. Quando não, os sindicalistas aceitos pela ditadura eram aqueles que eram controlados pelos patrões, e aqui que nascem os famosos e chamados pelegos.
Foi então um período de resistência silenciosa nas fábricas, poucos sindicatos. Porém, a dura realidade continuava batendo a porta do trabalhador e novas lideranças foram se formando na medida que os trabalhadores percebiam a enganação da ditadura e da mentira do milagre econômico, que só crescia o bolo do dinheiro do patrão e nunca dividia entre os mais pobres.
Em 1973, o preço do petróleo disparou, gerou uma crise e o Brasil entrou em parafuso. As demissões em massa aceleraram a repressão sangrenta.
Em 1976, um operário metalúrgico de nome Manuel Filho foi executado pelo DOICOT. Em 1979, outro sindicalista, Santos Dias da Silva, foi assassinado. Em 30 de abril de 81, o pior do ataque aos trabalhadores, o ataque ao Rio Centro.
Pra quem não lembra, foi um ataque falso montado pelo governo militar durante a festa dos trabalhadores, pra explodir um carro cheio de bombas e culpar os comunistas do ataque. O público de 20 mil pessoas explodiria num show de Chico Buarque, Gal Costa ou de Alceu Valença, que estavam anunciados pra noite.
Mas como o militar é burro pra caceta, quatro bombas explodiram no próprio colo do militar, impedindo o ataque. Irônico, né?
Nesse período também, um jovem metalúrgico começa a apaixonar as pessoas com seus discursos, falando da desconexão dos sindicatos com os trabalhadores e que era preciso um movimento novo. O nome desse cara era Luiz Inácio. Já ouviu falar dele?
Com os discursos desse tal Luiz Inácio, os trabalhadores se empolgavam novamente no centro dos acontecimentos políticos.
O Novo Sindicalismo
É o surgimento do chamado Novo Sindicalismo, que sabia que não podia reproduzir os erros do passado e criar organismos que não fossem pelegos, que tinham vinculação com a base. Esse Novo Sindicalismo, surgindo principalmente após as gigantes greves do ABC, que deram projeção ao tal Luiz Inácio Vila Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de não romper com a estrutura da CLT, se dizia novo porque queria comper com o velho sindicalismo, o sindicalismo cooptado, o sindicalismo de conciliação, de colaboracionismo. A história é de uma ironia, não é?
Esse Novo Sindicalismo reivindicava, portanto, ser um sindicalismo de classe, politicamente autônomo do Estado e longe dos sindicatos patronais. E veja só que interessante, já criticavam naquela época o imposto sindical obrigatório e esse peleguiço que falamos agora há pouco.
Esses embates entre velho e novo sindicalismo dariam um vídeo à parte, e essas discussões são cheios de entraves e barreiras, o que não é a intenção desse vídeo. Quem sabe outra hora.
Mas é nesse momento que surge o PT, a recolocação do PCB no jogo político no final da ditadura, e muitas entidades sindicais surgiram, entre elas a CUT, a Central Única dos Trabalhadores, que defendia, a partir de 1983, a unidade de vários sindicatos para dar mais força ao movimento. As greves do ABC então eram combativas, opositoras, falavam grosso, por assim dizer. A ideia era negar todas as práticas de peleguismo do passado.
O velho sindicalismo, segundo eles, estava envelhecido, muito pelego. A jovem classe trabalhadora então precisava de algo para renovar os seus hábitos. E isso aqui poderia ser uma historinha de então os trabalhadores viveram felizes para sempre, lutando até o fim, e só.
Mas as coisas não são tão mamão com açúcar. Isso aqui é capitalismo. Isso aqui é Brasil. Então, da década de 90 pra frente, trevas.
Nos Estados Unidos e na Inglaterra, Ronald Reagan e Margaret Thatcher tinham passado a década de 80 reforçando o liberalismo cada vez mais forte e a desregulamentação do Estado que trouxe o impacto no mundo inteiro. A década de 90, então, é marcada por mudanças do chamado neoliberalismo, influenciado pelo toiotismo e pelo tal Consenso de Washington, uma série de medidas norte-americanas para afundar esse mundo neoliberal como o conhecemos.
Fernando Collor, o nosso excelente presidente playboy que foi empichado, aplicou o neoliberalismo na prática, assim como o Fernando Henrique Cardoso, o que impactou muito a luta dos trabalhadores.
O sindicalismo mais combativo dos anos 80, associado à CUT, perdeu espaço para uma fase defensiva, em que o objetivo passou a ser a preservação do emprego, concessões para evitar perdas, acordos, contenção de danos. Houve também o surgimento de novas centrais sindicais, como a Força Sindical, afinada nesse discurso de modernização, flexibilização, sucateamento com palavras bonitas.
A Força Sindical nasceu da confluência de duas correntes políticas de direita, o peleguismo tradicional e o sindicalismo de resultados. E aí você já viu, quanto mais próximo do patrão, mais força tinham esses sindicatos. Quem também foi aceitando jogar o jogo da política e negociar direito de trabalhadores foi aquele sindicalismo brabo, combativo, que falava grosso. Luiz Inácio, lembra dele?
Agora é 2002, ele tá de barba feita, terno, bem aprumado, uma estética que promete não romper mais com o mercado. E aí ele é eleito presidente da república, o primeiro presidente trabalhador, operário, metalúrgico da história, que não conseguiu dar todos os direitos para os trabalhadores operários e metalúrgicos da história.
Mas é verdade, houve avanços inegáveis do acesso das classes mais baixas e das classes médias aos bens de consumo e a diminuição substancial da fome.
Só que para ser eleito para se manter no poder, ele fez acordos de continuismo e se tornou um social-democrata. A partir daí, vemos um movimento interessante, governos aliados ao sindicalismo. Esses sindicatos que estavam em torno de Luiz Inácio e do PT até conseguiram acelerar algumas conquistas de direitos, pois se tornaram interlocutores privilegiados do governo e participaram inclusive da gestão de empresas públicas, de ministérios.
Mas, por outro lado, essa mesma proximidade vai ponderar o posicionamento político de parte desse movimento sindical. E com o tempo, o sindicalismo vai virando uma coisa cada vez mais burocrática, cada vez mais de escritório, afastado dos trabalhadores, longe das fábricas. E aí, na Reforma Trabalhista de Michel Temer, vem o golpe final, o ano é 2017.
Reforma Trabalhista
Um golpe duro na luta dos sindicatos que além de outras medidas que sucateavam o trabalho por causa da reforma, sofreu o duro golpe do fim do imposto sindical. O fim do imposto sindical forçou muito os sindicatos a sambar. Muitos deles que eram presos nessa lógica do imposto obrigatório acabaram diminuindo muito e perceberam que eles mesmo estavam afastados da parada.
Outros, no entanto, sempre defenderam o fim do imposto sindical. E essa é uma discussão que valeria um outro vídeo. Mas o fato é que a partir disso tudo, os sindicatos começaram a perder a força assim gritantemente.
Até porque o mundo mudou. Muitas profissões que existiam hoje, inclusive essa de Youtube, não existiam há 10 anos atrás. O mundo se informatizou, a tecnologia acelerou, o uso de inteligência artificial, automatização, o empreendedorismo, o discurso de sonho individualista, tudo isso vai afastando as pessoas de um projeto coletivo.
E as pessoas não conseguem mais se identificar com essa forma sindicato, vamos ser sinceros aqui. Mas, sejamos claros também, apesar disso tudo, nunca se trabalhou tanto no nosso país e nunca se teve tão pouco direito e tão pouco dinheiro. E talvez por isso que o jogo pode estar mudando.
Existe uma massa jovem em disputa neste momento agora na seguinte divisão. Um lado, com a justa sensação de derrota, achando que nunca vai se aposentar e que o negócio é correr pelo seu, cada um por si, empreendedorismo e já era. Mas de um outro lado, a justa percepção de pessoas percebendo que então é preciso reconquistar os sindicatos, formar novas entidades e novas organizações.
E tem muito jovem cheio dessa vontade surgindo por aí. Pessoas que perceberam que nunca, na história de nenhum país, direitos surgiram da boa vontade do patrão bonzinho. Nunca! E existem muitos modelos de sindicatos por aí a fora.
Com tudo que houver de mais tecnologia, é melhor para um país. No Japão, há sindicatos divididos por setores de atividade. Na França, na Itália e na Espanha, os sindicatos buscam representações múltiplas para um mesmo setor, ou seja, vários sindicatos podem representar uma mesma categoria.
Os sindicatos da China são organizados em grandes bases industriais e assim por diante. Na Alemanha, há disputa de diferentes sindicatos por uma mesma categoria. No Brasil, a gente tem a unidade sindical e todos os problemas que decorrem em volta dela. A gente pode falar isso em algum outro momento.
Mas o fato é que existem formas de sindicato diferente e a única coisa que não rola existir é o abandono do sindicato. Há sindicatos mais reformistas, estruturais, há outros anticapitalistas, outros revolucionários, sei lá.
Agora beleza, eu não to negando aqui que os sindicatos tem muitos, muitos problemas. Tecnologia da informação, automatização do trabalho, propaganda contra os sindicatos, aumento da informalidade, imposto obrigatório, não cumprir porra nenhuma dos trabalhadores e só ser um órgão burocrático, que sim, é um sentimento justo que muita gente sente. E é válido sim se perguntar, será que o sindicalismo tem a mesma razão de existir? Essa pergunta não vem do nada não, são poucos os sindicatos interessados em mobilizar as bases dos seus trabalhadores.
A própria CUT mesmo, chegou aos 40 anos de história esse ano, com dificuldades de caixa e perda de representatividade gigante. Hoje, apenas 9% dos trabalhadores brasileiros são filiados aos sindicatos.
Claro, como fazer essa união sem porta de fábrica? Como produzir trabalho coletivo se cada um se sente isolado fazendo o seu? Portanto, eu e você podemos achar sindicato um saco, se reunir chato pra caramba? Então chama de guilda, clã, união sinistrona, sei lá, mas não abandona a organização coletiva do seu trabalho.
Você consegue entender que se você tem um emprego, a organização coletiva pra conseguir direitos é a melhor saída pra esse emprego ter a melhor qualidade possível. E pra isso, eu quero citar um caso bem interessante que tem acontecido num país bastante peculiar pro sindicato se organizar. São os jovens dos Estados Unidos da América e a sua pulsão por sindicalização.
Sindicalização nas novas gerações
Sim, lá mesmo, terra da liberdade, terra do capitalismo. Lá, as gerações mais jovens estão cada vez mais próximas de sindicatos, sobretudo depois do surgimento do SWO, o Sindicato dos Trabalhadores Organizados do Starbucks. Sim, da loja de café Starbucks.
Um caso emblemático que une a anarco-sindicalistas, comunistas, o pessoal que costumam chamar de woke ou de identitários. Ainda mais porque o Starbucks acabou sendo vítima da sua própria autopropaganda. A Starbucks soube construir uma imagem pública progressista, uma vez que há muito tempo é conhecida por sua política de contratar jovens com uma estética alternativa.
Bem como campanhas milionárias de apoio à comunidade LGBTQIA+. Há o movimento Black Lives Matter. Obviamente.
Capitalismo. Woke. Tudo fachado.
Porém, o que também aconteceu nesse momento é que quando contrataram esses ativistas alternativos, não perceberam que essas pessoas faziam parte de sindicatos históricos e agora estavam empregados na Starbucks. E, discretamente, começaram a conquistar a confiança dos seus colegas de trabalho com a ideia de sindicato. Três preocupações principais moviam o jovem a se organizar.
A luta antirracista, a luta contra a homofobia e a comunidade LGBT e baixos salários. No entanto, depois de um tempo, quando a extrema direita se juntou pra pressionar a empresa por causa desses apoios às causas progressistas, rapidamente a empresa removeu todo apoio e propaganda da noite pro dia, porque não era mais lucrativo pros negócios. Isso gerou uma onda de insatisfação dos próprios trabalhadores das lojas, que se indignaram após perceberem como suas identidades eram tratadas como mercadoria e commodity.
Muitos trabalhadores espontaneamente passaram a usar broches de apoio às causas do Black Lives Matter e às causas LGBT, além dos broches que permitiam usar a todos os nomes, pras pessoas que fossem trans. A empresa respondeu com demissão em massa e proibiu todos os broches de serem usados nas lojas do Starbucks, incluindo daquelas pessoas que se identificam como não-binárias e trans. Isso explodiu uma crise nas lojas e, em dezembro de 2021, uma assembleia dos trabalhadores de todas as franquias da cafeteria fundou o Starbucks Works United.
Citar esse caso é legal porque é um sindicato surgido num lugar diferente de antes. Se historicamente o sindicato surgia dos trabalhos estáveis e fixos, na qual o trabalhador tinha um vínculo mais enraizado com a empresa, agora foi o contrário. Um sindicato surgido da precarização, da empresa com alta rotatividade, predominantemente jovem e onde os sindicatos tradicionais não conseguiam penetrar antigamente.
E essa vitória da Starbucks, que parecia só uma coisa local, acabou desencadeando uma onda de jovens a reproduzirem o mesmo tipo de modelo de união, organização, sindicato e empresas como a Google, a Blizzard, a Amazon e a UPS. O sindicalismo que estava em queda nos Estados Unidos agora parece efevercer novamente. Por incrível que pareça, a maioria dos norte-americanos acham, sim, que sindicatos são uniões importantes para a defesa de direito e para a vida dos trabalhadores, mesmo lá nos Estados Unidos.
Então a luta entre capital e trabalho é constante e contraditória e tem produzido cada vez mais derrotas aos trabalhadores que não se organizam. As empresas gastam quantidades massivas de dinheiro contra a organização trabalhadora, contra atividades sindicais, com propaganda contra a organização, sindicato e lutas por direitos. E se você acha que eu tô conspirando, falando de modo genérico, aqui vai o nome e o caso real de que isso aconteceu.
Há não muito tempo atrás, ficou público um escândalo da empresa iFood e a sua máquina de propaganda nas redes. Para criar páginas falsas que simulavam motoqueiros, que eram contra a organização trabalhadora e contra greves. Foram as páginas Não Breca Meu Trampo e Garfo Na Caveira, inclusive tentando imitar a estética de motoqueiro.
É patético. Muito dinheiro foi investido pra espalhar mentiras sobre motoqueiros, perseguindo os líderes do movimento, criando áudios falsos, tudo pra desmobilizar trabalhador. E agora cê me fala, se a empresa investe dinheiro? É porque ela sabe que a luta trabalhadora tem sim sentido e produz sim muita diferença.
Agora, vamos ser sinceros. Quantos são os sindicatos que têm conseguido se modernizar na sua forma de comunicação com os mais jovens? Quantos sindicatos de fato têm conseguido pautar leis e vencer as últimas batalhas políticas?
Então, ainda que tenha todo esse movimento anti-sindical, de propaganda etc e tal, me responde aí embaixo. Será mesmo que é totalmente infundado esse sentimento das pessoas contra o sindicalismo? Ou será que tem sim muito sindicato que só serve como cabide burocrático e que precisa, portanto, ser disputado? Então que fique claro, eu não quero nem romantizar o sindicalismo, nem condenar as pessoas que, por um acaso, não se interessam por esse tipo de ação.
Ela tem um fundo histórico que a gente tentou mostrar nesse episódio. Se o novo sindicalismo foi visto como novo, forte e transformador, porque não fazia conciliação, concessão de direitos e tudo mais, o novo sindicalismo já tem quase 40 anos. O grande líder do novo sindicalismo tá com quase 80.
Então será que é uma hora de uma nova ruptura? Um novíssimo sindicalismo?
Não sei, só sei que há uma inversão do problema. Se com o sindicato pra você está ruim, eu te garanto que sem sindicato é muito pior. Se é a arma mais forte que nós temos, porque não disputar sua categoria? É que isso dá muito mais trabalho do que reclamar por aí que o sindicato não faz nada, né? Ok, verdade, tem muito sindicato que não faz nada.
Mas e aí? O que você vai fazer com essa informação? O que você pode fazer a respeito pra não perder ainda mais direito? Eu não tenho a presunção de dar uma resposta pra cada um dos sindicatos e suas particularidades, até porque eu mesmo tentei me organizar um tempo.
Nós, da criação de conteúdo, já tentamos nos encontrar diversas vezes pra formar essa união. Na Alemanha, o Youtubers Union, o sindicato dos trabalhadores do Youtube, conseguiu sentar na mesa com o Youtube pra negociações e só cresce de tamanho.
Mas aqui me parece ser muito difícil fazer essa união de criadores tão diferentes. Além dos desafios políticos de criar uma união composta por pessoas sem vínculos trabalhistas, tem também o fato de que seria preciso que os maiores criadores que fariam mais barulho participassem dessa ação, e essas pessoas são as que menos precisam de uma organização de um sindicato. Já ganham muito dinheiro pra isso.
União pra quem precisa, fama pra quem pode. Muita gente ainda acha que criação de conteúdo é trabalho dos sonhos, que você fica na frente de uma câmera uma hora por dia e ganha milhões. Isso não é verdade pra 99,9% das pessoas.
É um trabalho muito árduo, arriscado, exaustivo e provavelmente não vai render nada pra maioria das pessoas. Da mesma forma que fazer Uber não é só ficar passeando, que entregadores de aplicativos não ficam só zanzando de bike e que não basta você servir a esses aplicativos que você vai ficar rico. O mesmo vale pra trabalhadores que fazem filmes, séries, atores, roteiristas e até pessoas que trabalham na administração do YouTube, do Buzzfeed, do Kickstarter, que estão começando a se unir, fazer greve, fazer sindicato pra essas novas formas de existir trabalho na internet.
E veja, os trabalhadores mais jovens estão cada vez mais propensos a aderir às uniões, do que os trabalhadores da geração boomer. Pois claro, a compreensão que temos de trabalho é ideológica, uma eterna disputa que muda ao longo do tempo, e que vão alterando e configurando as distintas subjetividades do que você entende sobre você, sobre trabalho e sobre a sua vida. Jovens querem trabalhar apenas o suficiente pra viver.
E neste dia do trabalho, nós aqui do Normose também temos esse desejo. Que você se lembre que a vida é muito mais do que trabalho. Só que é só com um mínimo de direitos, um mínimo de conquistas sobre o seu trabalho, que faz com que você possa simplesmente viver pra além do trabalho.
E é só assim que a nossa vida vai ser mais do que trabalho. Lutemos então pra que enfim um dia possamos trabalhar menos, trabalhar todos, produzir apenas o necessário e distribuir tudo.
Então, se você quiser acompanhar o dia de hoje, saiba que eu estou por aí, online, cobrindo as manifestações de rua diferente dos outros anos. Acompanhe nas redes do Normose que certamente você vai ver eu na rua por aí. Mas se você tem na sua cidade alguma manifestação, faça parte dela, faça parte de algum sindicato, alguma união, algum partido. Forme o seu coletivo, não sei, se organize.
A luta do trabalhador não para, não importa o governo nem o presidente. Eles não vão fazer nada se a gente não pressionar. Greve em presidente do nosso campo pelo menos é uma chance de conquistar direitos.
Pode acreditar que do outro lado os patrões estão pressionando bastante o Lula. E eles têm muito, muito poder. Mas nós, organizados, somos muito, muito mais numerosos.
E podemos muito mais.
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